O momento de escolha profissional pode trazer muitas dúvidas para pais e jovens. Como saber o que cada um pode fazer para tornar esse contexto um período de aprendizado e autoconhecimento?
A adolescência é uma fase maravilhosa, de experimentação e de sentimentos intensos, em que formamos nossa identidade, criamos novas referências e podemos formar nosso Projeto de Vida com autenticidade. Esse contexto pode trazer uma tendência ao desinteresse ou à desmotivação diante de uma ou mais áreas da vida sem causa aparente, assim como também pode gerar uma necessidade repentina de experimentação, acompanhada da impulsividade e do desejo de viver novas experiências. Por isso, quando a escolha da profissão é somada aos desafios comuns da idade, como humor instável, dificuldade em perceber consequências, irritabilidade e nova forma física, os jovens podem se sentir confusos.
PRIMEIROS PASSOS PARA UMA ESCOLHA EFICAZ
Nesta fase tão intensa, é importante que tanto os pais quanto os filhos mantenham a calma e mantenham-se em seu eixo, pois o momento da escolha profissional é muito importante, sim, mas não precisa ser um tempo de nervosismo, ansiedade, cobrança e agitação. É preciso saber que é normal termos dúvidas e vamos continuar com algumas incertezas para o resto de nossas vidas, afinal, viver é este exercício delicioso e angustiante de escolher a vida que queremos. Para fazer isso da maneira mais acertada, é preciso informação e autoconhecimento.
É muito importante pesquisar em livros, revistas, sites e ler muito sobre as carreiras que interessam.
Há vídeos sobre praticamente todas as profissões disponíveis gratuitamente online. O jovem pode visitar faculdades e conversar com professores, alunos, assistir à aulas, entre outras ações. É aconselhável buscar mais de uma fonte de informação, pois é possível achar alguém em um momento de desilusão com a profissão, assim como também encontrar um entusiasta que a exalte excessivamente.
Existem ainda os testes vocacionais, que não devem ser a única ferramenta do aluno nem encarados como bola de cristal, mas que podem sim ser um ótimo ponto de partida e ferramenta para o autoconhecimento. Eles estão ali apenas para orientar e são uma visão da pessoa naquele determinado momento, como uma fotografia, por isso vale a pena fazer mais de um e em diversas ocasiões. Podem ser realizados com a ajuda de um psicólogo ou um orientador profissional para analisar os resultados. Por fim, é bom que o aluno saiba que é imprescindível escutar seu corpo sempre, ouvir seu coração e intuição, sendo honesto com quem ele é e com o que quer de verdade.
INDIVIDUALIDADE E ESTRATÉGIAS
Alguns encaram a escolha profissional com mais tranquilidade que outros, assim como ocorre em todas as grandes decisões que fazemos ao longo da vida. Os últimos anos da escola são fundamentais para a decisão profissional futura e pedem organização. Ela ajudará muito a conciliar estudos, provas, tarefas extras, cursinho, reforço escolar, tarefas de casa e vestibulares. Quando visualizamos e colocamos no papel o que precisamos fazer conseguimos gerenciar melhor nosso tempo e prioridades. Vestibulandos de sucesso não dependem de espontaneidade, ao contrário: se organizam, pegam a vida nas mãos e, ao invés de se preocuparem, buscam se ocupar.
A agenda, seja no papel, no computador ou no celular, faz toda a diferença.
Gosto também da ideia de listas de ações, pois auxiliam na percepção do passo-a-passo, transformando sonhos em projetos. Algumas sugestões são aplicativos como Any.do, Agenda Google, Wunderlist, Todoist, Last Time e Remember the Milk.
Os pais ajudam sendo participativos e entendendo que, a partir de agora, são copilotos nas decisões dos filhos, não mais os comandantes. Eles podem conversar bastante com eles e buscar, na medida do possível, sanar dúvidas e até mesmo dar conselhos, sempre mantendo aberto o espaço para o diálogo. Quando tiverem uma questão mais delicada ou difícil, podem buscar informações junto aos filhos, lembrando de também ouvir e de falar de um jeito afetivo e sempre respeitoso. Afinal, ninguém é o dono da verdade e os pais são agentes cuidadores sim, mas não são os donos das vidas dos filhos.
Não existe fórmula pronta para o acerto, para o sucesso ou para a felicidade. Cada pessoa tem o poder da individualidade e o que funciona para um pode não ser o melhor para outro.
Existem, contudo, algumas estratégias que costumo indicar para quem está na fase de escolher uma profissão, habilidades e atitudes treináveis que podem ser desenvolvidas. Exemplos são esportes, convívio em ambiente acadêmico estimulante, incentivo dos pais, amigos e familiares, leitura de biografias de personalidades inspiradoras, psicoterapia e também um coach profissional. Todas essas iniciativas ajudam a formar o caráter e colaboram no desenvolvimento de um diferencial tanto profissional quanto pessoal.
Um jovem precisa saber seus valores, significados relativos à carreira e ao futuro, sua personalidade e estilo de vida desejado. Essa base de autoconhecimento é mesclada à pesquisa sobre as profissões e o mercado de trabalho e, assim, o resultado tem muito mais chance de se revelar uma escolha segura e eficaz. A distância entre o sonho e a conquista é a atitude. E esta, por sua vez, é advinda também da inspiração que recebemos de quem nos educa, em casa e na escola.
por: Léo Fraiman