É inegável que vivemos em um mundo cada vez mais dependente da tecnologia, e que artefatos como computadores, tablets e celulares podem ser utilizados como uma excelente ferramenta de aprendizado para crianças e adolescentes.
A inserção tecnológica na vida das novas gerações é um caminho sem volta, principalmente para aqueles que nasceram cercados por gadgets e que encontram neles um meio de aprendizado, entretenimento e que os utilizam, em boa parte do tempo, como a principal porta de contato com o mundo.
No entanto, é consenso entre boa parte dos educadores do planeta que, apesar dos inegáveis benefícios, em muitos momentos, para obter um aprendizado e um desenvolvimento sócio emocional mais saudável e de maior qualidade, é preciso se desconectar. Um grande desafio que precisa ser encarado com seriedade, cuidado e muita dedicação, tanto pelas escolas quanto pelas famílias.
Neste artigo, dividiremos o raciocínio sobre a importância da desconexão em dois tópicos. No primeiro, abordaremos os impactos negativos que o excesso de conexão pode ter no processo de aprendizagem de crianças e adolescentes. No segundo, ofereceremos algumas sugestões de caminhos que podem auxiliar as instituições de ensino a reinserir na vida das crianças o contato com o mundo offline. Vamos a eles.
Impactos do excesso de tecnologia na vida dos estudantes da nova geração
Aqui no blog, já falamos algumas vezes sobre como a tecnologia pode ser uma aliada no processo de ensino, em artigos sobre gamificação, uso de gadgets em sala de aula, dentre outros.
A reflexão, inclusive, é muito importante pois observamos que em muitas situações, escolas estão remando contra a maré e perdendo a atenção e o interesse dos jovens por tentar forçar uma desconexão muito mais baseada na falta de conhecimento e preparo de sua equipe para lidar com as novas tecnologias do que efetivamente na crença de que elas não são benéficas.
Benéficas, obviamente, elas são. No entanto, é preciso que sejam usadas na medida certa. Assim como as propostas de desconexão precisam ser baseadas em argumentos sólidos, convincentes e através de estratégias que criam no estudante o interesse real pelo universo que vai além das telas dos dispositivos móveis.
Jovens conectados constantemente, por exemplo, costumam apresentar maiores dificuldades de concentração e muitas vezes, demonstram uma grande carência na construção de habilidades básicas de socialização.
Com o passar do tempo, abrem cada vez mais mão das oportunidades de troca e do convívio saudável com outras pessoas e acabam se tornando mais ansiosos (impactados pela velocidade do consumo de conteúdo no meio digital) e mais fragilizados, pela falta de oportunidades reais de lidar com desafios e diferenças.
Além disso, artefatos tecnológicos geram um excesso de estimulação cerebral que pode trazer consequências negativas de médio prazo, como a dificuldade na consolidação de novas informações para a produção de conhecimentos mais profundos, além de problemas, por exemplo, na formação de memórias de longo prazo, já que não se percebe mais a necessidade de guardar informações na mente, uma vez que praticamente tudo pode ser acessado e reacessado com ampla facilidade.
Vale ressaltar também que o excesso de exposição limita os momentos de pausa para descanso do cérebro, algo absolutamente fundamental tanto no desenvolvimento da criatividade quanto para evitar fadiga e estresse.
Conhecendo essas informações, fica evidente que é uma responsabilidade, não só das escolas como das famílias, educar para que o consumo de tecnologia aconteça de maneira dosada e que os momentos de desconexão aconteçam. O caminho passa, principalmente, por demonstrar para as crianças e para os adolescentes, com empenho e muita criatividade, o quão divertidas podem ser as atividades realizadas no mundo offline.
Dicas de atividade que promovem a desconexão e estimulam o aprendizado
Jogos de tabuleiro, momentos de leitura, contação de histórias, passeios externos em parques, museus e peças de teatro, atividades artísticas como dança, desenho, pintura e música, marcenaria, culinária, brincadeiras antigas, são apenas algumas das possibilidades que podem servir como estímulo para a desconexão.
Atividades como essas costumam ser bastante divertidas para crianças e adolescentes, especialmente quando elas são feitas coletivamente. Além de estimular o aprendizado através do lúdico, elas oferecem desafios reais e motivantes, auxiliam no desenvolvimento do lado social e reforçam os conceitos de companheirismo, tolerância e paciência e permitem a assimilação de valores como respeito ao próximo, as normas e as regras e desenvolvem habilidades de comunicação.
Além disso, elas tem um grande papel no processo de desenvolvimento da criatividade, na capacidade de concentração e no conhecimento do ambiente externo, dos limites espaciais e até dos limites do próprio corpo.
Obviamente, quando mais cedo o processo começar, mais fácil é para a criança entender a sua importância e principalmente, tomar gosto pelas práticas.
Por fim, vale ressaltar que de nada adianta os adultos assumirem o papel de dizer para as novas gerações que é importante se desconectar e brincar com os amigos e com a família quando estes passam boa parte do tempo livre imersos nas telas o universo digital. Os exemplos são, sem sombra de dúvida, o principal pilar na mudança de hábito e precisam acontecer diariamente.