Especialistas explicam como identificar os sinais e qual a melhor forma de agir
O ano do vestibular gera inúmeras preocupações no estudante. A concorrência é grande, são poucas vagas, muitos conteúdos para serem estudados e pode existir uma enorme pressão por parte de família, amigos, professores e, principalmente, dos próprios alunos. Além disso, existe outro fator que acompanha o jovem constantemente nessa fase: a incerteza da aprovação.
Por isso, especialistas apontam que o ano de preparação para o vestibular pode desencadear episódios intensos de ansiedade ou acentuar quadros preexistentes. E, neste ano, a situação fica ainda mais delicada por causa da pandemia do novo coronavírus, que adiciona incertezas ao cenário.
Bárbara Souza, psicóloga do Serviço de Atendimento Psicológico (SAP) do Curso Anglo, explica que houve o surgimento de novos elementos com potencial para o desenvolvimento do transtorno, como:
- conflitos familiares potencializados pela intensificação da convivência;
- dificuldades de adaptação da rotina de estudo online e conciliação com tarefas domésticas;
- o isolamento social e a falta de compartilhamento de experiências cotidianas
Se você notou que algum amigo está está mais ansioso ultimamente e quer ajudar de alguma forma, confira as informações sobre o transtorno. Ao entendê-lo melhor, ficará mais claro qual o caminho mais adequado para ajudar alguém nessas situações.
Mas afinal, o que é ansiedade?
Segundo Thais Arantes Ribeiro, psicóloga e coordenadora do Colégio Poliedro Campinas, a ansiedade pode ser considerada uma reação normal em diversas situações de ameaça ou estresse. Mas o transtorno de ansiedade consiste em um conjunto de sintomas, físicos e psicológicos, que prejudicam as atividades diárias da pessoa.
Entre os sintomas psicológicos do transtorno estão preocupação, apreensão ou medo excessivos, capazes de dominar o pensamento e afetar frequentemente a rotina e os relacionamentos. Sintomas físicos também podem aparecer, como tensão muscular, dor de cabeça, taquicardia, calafrios, falta de ar, tremores e espasmos.
O tratamento inclui sessões de terapia e medicamentos, que variam de acordo com a gravidade do quadro.
Identificando os sinais nos seus amigos
Os principais sinais que podem ser notados por pessoas próximas são as oscilações de humor e a mudança na forma de se comportar, com estresse desproporcional, maior irritabilidade, dificuldade de superar um acontecimento e de manter a concentração, sensação de medo e angústia constante.
Esses sintomas podem ser percebidos por amigos e familiares ou a pessoa pode mencioná-los em conversas cotidianas.
“É importante ficar atento à frequência desses relatos. Se o amigo conta de um sofrimento ou pensamentos recorrentes relacionados a medos e situações de ansiedade persistentes e intensas ou relata sinais físicos (como sensação de desmaio e tontura, sudorese e extremidades frias, tremor dentre outros) recorrentes e sem causa aparente, algo não está certo”, diz Souza.
Como ajudar
Segundo Ribeiro, o mais importante para lidar com uma pessoa que possui o transtorno de ansiedade é ouvi-la e validar os seus sentimentos e preocupações. Minimizar sua angústia ou dizer que “vai passar” não é uma boa escolha, porque não é algo que está sob seu controle, por mais que sua intenção seja ajudar.
“Escute o que a pessoa tem a dizer, mas saiba respeitar caso não esteja preparada para abrir seus sentimentos. Dê o espaço que a pessoa precisa, sem deixar de demonstrar que se importa”, completa.
Manter canais de diálogos abertos também é importante para que, com o tempo, passe a entender como seu amigo funciona em momentos de crise e o que pode fazer para ajudá-lo, já que as práticas podem variar dependendo da pessoa.
Não relativizar o que o outro está dizendo é fundamental. “Mesmo que, para quem escuta, o que está sendo dito pareça pequeno ou que haja um ‘exagero’ da parte do amigo, é importante entender que há um sofrimento e que diminuir isso poderia acabar machucando ainda mais”, explica Souza.
Depois de um tempo, caso ele não volte a procurar sua ajuda, uma sugestão é entrar em contato para perguntar como está e reforçar que continua havendo espaço para diálogo.
Limites e riscos
Caso os amigos ou a própria família percebam que há alguma questão afligindo o jovem, a recomendação das especialistas é o encaminhamento para um psicólogo ou psiquiatra que vão diagnosticar corretamente e entender potenciais gatilhos e formas de tratamento.
É importante ressaltar que, por mais que você queira ajudar seu amigo, existem certos limites que não podem ser ultrapassados sem o preparo necessário para lidar com a situação.
“A orientação profissional é muito importante para estabelecer uma recuperação real e evitar agravar ainda mais o quadro, dependendo do que for dito”, finaliza Ribeiro.