A palavra coletividade e o pensamento coletivo representam a união de esforços para um mesmo objetivo. É a sinergia das ações. É pensar no outro e que juntos somos mais fortes. Crise significa cisão, separação e mudanças. Toda crise tem potencial positivo e negativo para diferentes aspectos. Isso é interessante, pois causa mudanças de visão e de comportamentos. Afinal, diante de cenários inesperados, os comportamentos e atitudes mudam.
No entanto, a crise, normalmente, provoca o individualismo. Isso acontece, uma vez que o senso de objetivo comum, muitas vezes se perde. O que ativa a insegurança e consequentemente o senso mais humano possível: o senso de sobrevivência, que é por si só uma atitude completamente focada no eu.
O que fazer nessas situações?
Em tempos de crise, e diante de situações inesperadas, temos que pensar racionalmente e não apenas cumprir reações imediatas. Darmos um passo para trás e nos forçarmos a ver cada vez mais o coletivo. Pois é isso que dará um propósito único para enfrentar quaisquer desafios.
Não é fácil, mas é essencial.
Isso não é propriamente fácil. Mas é uma faceta que pode (e deve) ser trabalhada e cultivada sempre, principalmente diante de adversidades. O momento em que vivemos, pede por coletividade, por isso temos que reforçar tais atitudes. Como crianças aprendem pelos exemplos que observam nos adultos, temos que olhar com muita atenção para a nossa própria coletividade. Para então passá-la, de forma adequada e natural, aos pequenos.
Como fazer isso?
1. Seja gentil
Mostre para o pequeno gestos de gentileza. Estes podem ser variados, como: dar a passagem para alguém ao entrar no elevador, cumprimentar todas as pessoas que interagimos, elogiar alguém por uma ajuda ou um trabalho bem feito, ou agradecer por um carinho. Use palavras carinhosas para abordar temas difíceis e considere o outro como essencial e igualmente importante.
2. Pense em como suas ações impactam na vida do outro
Em tempos de Coronavírus, temos que ter pensamento coletivo. É importante explicar para os pequenos que todos somos potenciais vetores da doença. Então, todos precisam colaborar para a prevenção, estando ou não em grupos de risco. Isto é: ir ao mercado e comprar conscientemente, pensando no abastecimento geral da população, e se preocupar com o outro, independentemente da pessoa ser uma pessoa amada ou não. É mostrar para o pequeno que todas as nossas atitudes podem contribuir positiva ou negativamente para a vida do outro.
3. Conte quantas vezes por dia você usa a palavra EU
Essa dica pode ser um pouco assustadora. Mas se atente ao uso das palavras “eu”, “meu” e “minha” durante o dia. Um bom exercício é ligar para alguém com quem tenha bastante intimidade e contar um pouco sobre os últimos dias. Ao, genuinamente, se dispor a fazer o exercício, você perceberá que cada vez que falar uma dessas palavras, será como se o som tivesse aumentado. Isso começará a te incomodar. O que é bom, pois o reconhecimento é o primeiro passo para a mudança. A partir daí, tente usar mais o “nós”. A forma que nos comunicamos pode mudar a forma que pensamos. Então, tente cultivar isso nos pequenos.
4. Reconheça pequenos gestos cotidianos
Isso não só ajuda a sua coletividade, mas também aumenta os laços. Muitas vezes não damos atenção aos pequenos gestos de nossos filhos, maridos, esposas, pais, babás. Se esforce para que esses gestos não passem despercebidos. É importante demonstrar gratidão. Se seu pequeno recolheu todos os brinquedos, reconheça. Se seu marido pegou a água antes de dormir, agradeça. Se esforce para ser uma pessoa mais presente, e cultive isso nos pequenos (e em toda a família).
5. Se preocupe com as economias que são de todos
Desperdício de água, de comida, de energia, reciclagem e compostagem são preocupações de todos. Seja consciente em seus atos e exija essa mesma consciência de todos à sua volta. Não aceite atitudes que são nocivas ao todo. A preocupação e a responsabilidade com os bens naturais cabe a cada um e a todos. Controle o tempo no chuveiro, ensine os pequenos a separarem o lixo, explique de onde as coisas vêm e que os recursos são finitos, por isso temos que cuidar.
6. Tente ajudar o próximo sempre que puder
Pratique gestos de solidariedade sempre que possível. Pode ser ouvir uma pessoa que precisa desabafar. Ajudar alguém com as compras. Cuidar do filho de uma conhecida. Doar um prato de comida para alguém que precisa.Comprar uma pizza para os porteiros do seu prédio. Compartilhar algo que você saiba com o outro. Os exemplos são infinitos. Pergunte para o seu filho, semanalmente, o que ele fez de bom para o outro naquela semana. Isso incentivará esses gestos.
Cultive gestos solidários. A solidariedade e a coletividade são uma corrente, quanto mais formos solidários, mais despertaremos isso nos outros. Isso é nossa responsabilidade individual.
Por Nathalia Pontes