No início da pandemia da covid-19 muito se falou sobre os paradigmas que ela romperia no mundo. Agora, quase um ano depois, já é possível fazer um balanço das perdas e os possíveis ganhos deixados pela crise.
Que a pandemia impactou a educação e a ciência é indiscutível. Entretanto, em um período marcado por tantas perdas, será que esses setores têm algo a comemorar?
A ciência na pandemia
O novo coronavírus conferiu à ciência o papel de protagonista no esforço global de buscar soluções para a pior crise sanitária do último século. Países ao redor do mundo elevaram de forma expressiva os seus gastos públicos no financiamento de pesquisas, testes de remédios e elaboração de vacinas.
Além disso, foi exigido que a ciência estabelecesse diálogo com a sociedade para explicar conceitos e métodos próprios do universo de pesquisa. O que trouxe aproximação e valorização para a ciência.
De acordo com a pesquisa do Ibope, encomendada pelo jornal O Globo, 58% dos brasileiros concordam que a ciência será mais valorizada após a pandemia da covid-19. Mas essa valorização precisa vir acompanhada de um melhor letramento científico da população. “As pessoas precisam entender o que é ciência e o que não é”, afirmou a presidente do Instituto Questão de Ciência, Natália Pasternak, ao Globo.
A educação na pandemia
A pandemia fez com que professores e gestores, que resistiam à inserção da tecnologia no processo educacional, cedessem e lançassem mão dos recursos digitais. Por mais que essa implantação tenha sido emergencial, sem muito planejamento, o resultado foi surpreendente.
Mesmo com a incerteza do cenário – mas com a certeza da mudança –, os gestores educacionais buscaram tecnologias, desenvolveram currículos e projetaram novos espaços de aprendizagem, físicos ou digitais.
O mesmo vale para a educação básica. O ensino remoto obrigou os professores a desenvolverem competências digitais para poder incorporar a tecnologia na sua forma de ensinar.
O suporte da mudança foi a internet, mas o episódio não se restringiu apenas ao digital. Houve uma transformação comportamental dos professores para não perder a conexão com os alunos e manter a aprendizagem – apesar da distância.
Além dos conhecimentos necessários para lidar com a tecnologia, a pandemia trouxe também a necessidade de se olhar para habilidades socioemocionais. São habilidades como persistência, assertividade, empatia, autoconfiança e tolerância a frustração. Tão necessárias nos dias atuais.